terça-feira, 8 de novembro de 2005

Reflexões de um aniversário

Hoje vivo um dia que para muitos é um verdadeiro pesadelo, e que eu achei, sinceramente, que para mim também seria. Porém, há vários motivos para que eu vivesse o hoje como um verdadeiro sonho encantado, cheio de coisas boas e porquês de agradecimento.
Aniversário, depois dos vinte e cinco anos, é para muitos uma tortura psicológica. Ao começar pela manhã, não há vontade nenhuma de levantar e encarar o mundo. Tudo isso pelas rugas, supostos fios brancos que apareceram repentinamente e o pseudo “velha”.
Preparei-me para reagir como uma mulher fútil que só pensa em aparência e desespera-se quando a maquiagem não resolve muito. Até porque aniversário numa terça-feira de trabalho não é lá muito emocionante. Mas eu não contava com um fator importante que pudesse decidir meu dia: Deus.
Ele realmente faz milagres, até mesmo com nossos problemas mais bobos e infantis, ou neuróticos, como queiram. Desde sábado comemoro meu dia. Pizzaria à noite, depois de visitar meus pequenos anjos, crianças que atendo na periferia. Domingo, almoço refinado com meus pais, que dão sempre um brilho especial para qualquer data. Arrumei-me da melhor maneira possível, afinal era meu aniversário. Segunda, com um horário marcado para o dentista no meio da tarde, me acordei tão bem que eu mesma não acreditei. Depois de passar pelo centro de tortura bucal, fui até a universidade estudar um pouco. Depois para casa e dormir.
Então chegou hoje, hoje à meia-noite. Parabéns do marido, pelo telefone, mas que mesmo assim encheu meu pensamento de infinitas boas possibilidades para esse dia. Então, foram inúmeras mensagens de texto, ligações, abraços e presentes. Saí com meu marido para escolher o meu presente. Almoçamos juntos. À tarde recebi abraços da família e amigas queridas. À noite, no trabalho, realizei-me e recebi como un regalo o bom aproveitamento da aula por meu aluno.
Ônibus, chuva pelo caminho, visitas, e agora estou aqui, após ter agradecido, de joelhos, ao meu Deus por me ter dado tantos presentes ao longo, não só desse último ano, mas de todos os que vivi. Ele me deu tantos amigos, antigos e novos, pessoas especiais, uma família maravilhosa que sabe como ninguém ser família. Um marido espetacular, daqueles dos livros de galantes cavalheiros ingleses e damas com longos vestidos, em charmosas carruganes, apesar de hoje, nós mesmos dirigirmos nosso carro, os vestidos longos e bufantes se reservarem para casamentos e debuts, e o cavalheiro galante não ser inglês, mas totalmente brasileiro. Tenho um emprego que amo, uma casa aconchegante e acolhedora. Também não posso esquecer das pessoas más que passaram por minha vida, que com suas atitudes me ensinaram o que não devo fazer e o tipo de pessoa que não quero ser.
Além de tudo, agradeço por ter Deus, por Ele ser o meu Deus que me abraça, me consola e conforta quando estou triste, assustada ou em dúvidas. Mas que também sabe rir comigo em meus momentos felizes, principalmente quando essa felicidade vem através de coisas que Ele mesmo me faz. Sinto-O como se dissesse que eu não precisava ter me preocupado, afinal, Ele sempre esteve no controle, sempre soube que tudo daria certo. Então, cada ano que passa tenho mais motivos para ser feliz, de ver meu aniversário não como algo ruim, como um peso que desce sobre meus ombros a cada ano. Já que as rugas são inevitáveis, peço apenas que elas sejam símbolos de experiência, sabedoria e de uma vida bem vivida e que possa servir aos outros, aqueles que ainda pensam que fazer aniversário pode ser um pesadelo, que quando temos Deus, quando nos deixamos cair em Seus braços e sermos levados por Ele, só há sonhos encantados, pessoas como flores que perfumam nossa vida e alegria, profunda, sincera e compartilhada alegria.
Sei que amanhã já não estarei de aniversário, já terei vinte e sete anos, aproximando-me dos trinta, mas continuarei caminhando, saltando pedras que por vezes aparecem, abraçando a vida e me deixando levar pelo rio bondoso, confortante e enriquecedor da graça eterna de Deus.

Por Ane Patrícia de Mira
Em 23/ 08/ 2005, às 23:37 h

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