terça-feira, 3 de abril de 2012

Colegas II

Sei que tenho abandonado um pouco o blog, mas o trabalho tem me exigido dedicação e para escrever preciso que alguns fatores cooperem: tempo e inspiração. Hoje, não tenho tanto tempo assim, sobrando, mas a inspiração está fazendo-me doer a cabeça. Ou escrevo ou escrevo.

E escrever sobre o quê? Retomo o tema colegas, texto que publiquei aqui, emocionou algumas pessoas e que me deixou feliz por vê-las assim, pois não conheço escritor, famoso ou não, que não queira tocar os corações de seus leitores através do que escreve. Então, convenhamos, o assunto não se esgota em apenas umas linhas, pois a cada novo dia me surpreendo mais e encontro nesses seres humanos tão singulares a certeza de que eu nasci mesmo para viver no meio dessa gente. São pessoas que labutam, que levam seu dia a dia, sua profissão, com dignidade, que não se contentam em fazer o apenas cobrado, mas fazer o melhor. São homens e mulheres que conseguem equilibrar estados emocionais os mais diversos para se apresentarem inteiros ao oficio do educar. Não são hipócritas ao ponto de ostentarem a bandeira do “da porta pra dentro sou outra pessoa”, não, eles ainda sofrem ou se preocupam, ou esperam por algo, mas as emoções são comedidas, controladas, entrevistas somente nos poucos suspiros que ouvimos ao longo do dia.

Entre colegas, tenho aprendido que as relações são frágeis a ponto de alguém sabotar outro, às vezes por inveja, despeito, busca por oportunidade, mas fortes o bastante para superarem mau humores, lágrimas enxugadas às pressas, nãos bruscos, perdas familiares, separações, desafetos.

Ser colega é conseguir esquecer-se por alguns momentos e ver no outro a possibilidade da amizade, mesmo que ela dure até um dos dois ir embora ou ficarem em horários alternados. É se ter a sensibilidade de entender que por trás do uniforme tem gente como a gente. E que, assim como desejamos ser entendidos e respeitados em nossos momentos, devemos fazê-lo com os outros. E, acima de tudo, dar-se conta de que nem tudo o que se pensa é para ser dito, escarrado nos outros, simplesmente porque são obrigados a ouvir. Devemos ter a consciência de que na dor alheia não se mexe, não se toca a não ser para curar. Que sejamos, em nosso ambiente de trabalho, as mãos que curam, os ouvidos que escutam, o ombro que se oferece para o choro silencioso, a mão que afaga. Em qualquer lugar, a qualquer momento, o que nos torna mais ou menos humanos é o saber cuidar dos outros e não há melhor forma de fazê-lo do que com nossos colegas.

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