terça-feira, 20 de dezembro de 2005

Sueños y cadenas

No, no hay cárcel para el hombre.
¿Quién encierra una sonrisa?
¿Quién amuralla una voz?
Libre soy, siénteme libre.
Sólo por amor

Miguel Hernández

Há momentos em que nos sentimos presos. Presos de nossas próprias escolhas, de nossos próprios pensamentos, de nossas apreensões e desesperos.
Muitas podem ser nossas prisões. As barras que nos limitam nem sempre são de ferro, mas de inseguranças, medos, falta de vontade de viver, de escapar de um destino que não existe, mas que cremos que é o nosso, de nos manter acorrentados a nós mesmos.
Nem sempre vemos o sol nascer quadrado, às vezes nem vemos o sol nascer, mas ele está ali, brilhando para os que acreditam em sua luz.
São tantas as vontades, os sonhos, mas não temos coragem de romper nossas cadeias interiores, de buscar os infinitos, nem de escapar do provável.
A vida oferece milhões de oportunidades de se viver-la. Podemos decidir viver um grande amor, fulminante e passageiro, ou nos comprometermos em um relacionamento estável e previsível. Podemos trabalhar cantando na praça, ganhando pouco e incertamente ou nos enfiarmos em um escritório, sufocando e enterrando-nos vivos em pilhas e pilhas de papel com a certeza da conta bancária recheada. Também podemos decidir por nunca andar de avião (para que correr o risco?) ou comprar passagens sem destino e, de repente, encontrarmos as estrelas.
As opções são das mais variadas. Mas se resumem em uma única questão: prisão ou liberdade?
Também podemos estar aparentemente presos a inúmeros compromissos e rotinas e assim mesmo sermos livres, porque liberdade também é uma atitude. É a maneira como encaramos as encruzilhadas e as decisões que nos farão felizes ou não.
Posso viver entregue a um trabalho estafante, a uma situação trivial e rotineira, e ainda assim ser livre. Porque sei viver meu grande amor, mesmo que para muitos os laços legais representem uma cadeia; posso voar, com minha mente através dos poemas, e mesmo assim permanecer bem firme ao chão.
Como também posso decidir largar tudo, sair pelo mundo a fora e viver presa das conseqüências de atos impensados.
Liberdade parece ser complicada, mas vale a pena lutar por ela, principalmente quando se descobre que podemos tê-la em coisas e momentos tão simples como um sorriso sincero, a vitória de uma refeição bem preparada, a certeza de se ser amada, a possibilidade de se falar e de se ser ouvida.
Para se descobrir a liberdade, para se fugir dos cárceres da vida, basta apenas decidir ser livre. Porque não há prisão, física ou interior, que possa ser capaz de conter o espírito humano de sonhar e buscar realizar seus sonhos, de viver e se expressar, de amar e rir, de ver o céu sem muros.

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