quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Dias de nada, de não fazer nada, de não pensar nada

Hoje é um dia de nada.
Sentada na varanda de minha casa, enquanto a chuva ameaça chegar, fico curtindo meu ócio não criativo. Meus primeiros dias de férias são sempre assim. Me sinto inútil e sonolenta. Dias de mornidão, poeira, moscas voejando aqui e ali, o barulho, mesmo que escasso, das cigarras me fazem recordar os contos infantis.
Além disso tudo, minha casa está passando por reformas, o que me deixa um quarto e uma sala bem pequenos para habitar. Sem ar condicionado, só dois ventiladores que mesmo contrariando o comando de economizar acabo por ligar simultaneamente.
As férias são tão desejadas durante os dias do ano em que precisamos levantar cedo, preencher horário, bater cartão, ouvir ordens, enfrentar rotina, cumprir prazos. Sonhamos com a praia, com os dias de sol, porque o frio enregela até a alma aqui no sul, só queremos descansar. Dormir até não poder mais, comer quando der vontade, escrever o que der na telha. Mas depois de meus primeiros três dias, fico me perguntando o que fazer para ter o que fazer.
Sim, planejei várias coisas para esses dias. Ir ao cinema, teatro, ver os amigos, visitar os parentes, lembrar de ser gente. Mas as férias que não condizem com as de meu marido são um pequeno problema, a casa em reforma é outro.
Praia, esse ano, nem pensar. Ficarei me contentando com a mangueira do jardim. Teatro, cinema, se o orçamento permitir. Amigos e parentes estão na lista, mesmo que eu tenha que usar o ônibus! (sobraram muitos vales-transportes).
Considerando as circunstâncias, organizei leituras importantes, momentos para assistir a TV (mesmo que para acabar dormindo em frente a ela), muita música, planejar a decoração da casa que ficará pronta por meados de abril do próximo ano, ir ao parque aquático com os sobrinhos, ver o pôr-do-sol no Guaíba, acompanhada de chimarrão e amigas queridas que só encontro durante o ano entre uma aula e outra.
Volto ao trabalho somente no dia 25 de fevereiro e alguns podem achar isso o máximo de umas férias maravilhosas (imaginem, são mais de 2 meses!). Mas férias longas têm seus problemas, falta de grana é o principal. Sem dinheiro, o que me resta é programa de índio mesmo. Mas todos sabemos que, contrariando a sabedoria popular, o chamado programa de índio pode se constituir nos melhores momentos de nossas vidas. ¡Entonces, que venga el toro! Y buenas vacaciones a todos.

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