quinta-feira, 29 de julho de 2010

O Bullying na escola

Enfrentando a elaboração de um TCC ao final de minha segunda pós-graduação, esta em Inclusão Escolar, decidi por um tema levantado recentemente em uma das escolas em que trabalho: o bullying. Após ter sanado muitas de minhas dúvidas sobre o que é afinal o tal comentado bullying, me peguei pensando o quanto já sofreram todos, vítimas de sua prática.
Buscando subsídios para meu trabalho, encontrei a definição do termo inglês que não tem tradução literal para o português, mas que pode ser facilmente entendido pelo que representa: “o desejo consciente e deliberado de maltratar uma outra pessoa e colocá-la sob tensão” (FANTE e PEDRA, 2008). São as brincadeiras que só têm graça para quem as faz.
Porém, buscar culpados nessa história não é a solução para acabar com o problema do bullying, ele é muito mais feroz do que podemos supor. A violência que é revelada na prática do bullying está em nossa sociedade desde sempre, o que nos torna mais ou menos violentos é nossa capacidade mais ou menos desenvolvida de raciocinar, de controlar nossos impulsos, de arejar nossas mentes com o que é sadio e por nossa busca incessante de romper com os preconceitos.
Hoje à tarde, conversando com um garoto de 11 anos, vítima de bullying por muito tempo, revelado por ele somente agora, já na quinta série, ele mesmo chegou à conclusão de que toda a raiz desse mal é o preconceito.
Estávamos eu e ele lendo um livro bastante teórico sobre o assunto e ele se ateve às manifestações do bullying, à lista de agressões tanto verbais quanto físicas. Ele me olhou e disse: Dessas listas eu sofro isso, isso, isso... Foi me apontando atitudes como xingamentos, espancamentos, humilhações, jogar objetos na vítima, esconder seus pertences, em fim, várias atitudes que ele tem sofrido desde a primeira série na mesma escola.
Nesta semana, em seu recesso escolar, se sentiu mais aliviado, longe dos 33 colegas que ele considera como seu grande terror. Pode se expressar melhor com a família, contar porque odeia tanto ir à escola. Desde pequeno ele sempre se manifestou contra a mesma, chegando até mesmo a pegar um pedaço de pau e dizer que iria explodir a todos ali.
Enquanto sempre se pensou que ele estava era querendo chamar a atenção, devido à adaptação à vida escolar, ele sofria.
E muitos de nossos alunos, sobrinhos, filhos, irmãos e nós mesmos, sofremos calados achando que ninguém vai dar a importância devida ao nosso sofrimento.
O bullying, assim como todo ato de violência, é crime. Deve ser denunciado, requerida atitude das escolas e discutido em família. Deve-se sempre dar voz àqueles que, na maioria das vezes, não falam, mas mostram com pequenas atitudes o quanto sangram por dentro.
Deixar que essa praga se alastre cada vez mais, fundamentados em “isso não é problema meu”, “isso sempre existiu na escola” é ser conivente com o desenvolvimento de um futuro apodrecido e insano.
Sei que há muito para se dizer sobre o bullying, minhas noites estão sendo consumidas pelo tema, e a cada novo aprofundamento me deparo com o assustador drama silencioso vivido ano após ano em nossas escolas.
O diálogo deve ser aberto e começar já. Sinta-se convidado a participar.

Um comentário:

Connie Navarro disse...

Soy una estudiante chilena, haciendo una campaña en twitter contra el bullying escolar. Me conmovio tu imagen y quisiera publicarla en mi cuenta por unos dias. Espero que esta terrible situacion termine pronto, los niños son el futuro del mundo.