quinta-feira, 23 de junho de 2011

Feriado, chuva e história

Feriado de Corpus Christi e eu gripada, de novo. Lá fora, uma chuvinha de inverno. No primeiro momento do dia, pensei que passaria deitada, à base de chá e fungação.
Mas, à tarde, eu já encarava a faxina que havia planejado. Faxina de minha história: tirei algumas horas para organizar as caixas de documentos, fotos e
cartas.

Cartas, sim. Cartas que foram escritas durante mais de dez anos entre mim e meu marido, desde o início de nosso namoro. Na primeira que peguei, a emoção já me tomou. Era a que eu havia escrito em comemoração ao nosso primeiro ano juntos. Enquanto eu lia, ao som, coincidentemente, de uma de minhas músicas preferidas de Lenine, Paciência, não me aguentei e chorei. Encontrei naquelas linhas, escritas com esmero, uma paixão avassaladora, de alguém que, aos dezenove anos, acreditava em um amor para a vida toda. Cada palavra parecia escolhida para demonstrar sentimentos muito verdadeiros, muito puros, cheios de esperança em uma vida maravilhosa, cheios de sonhos ao lado de um homem maravilhoso.

Mas minhas lágrimas não foram motivadas nem pela trilha sonora, nem pela nostalgia, mas pela certeza, absoluta, inconfundível, de que eu, hoje, passados 14 anos, não mudaria uma palavra sequer. Diria tudo novamente, exatamente como ali naquela antiga carta.

Chorei pela comprovação de que minha paixão daqueles primeiros anos não arrefeceu, mas tornou-se um amor seguro, forte, decidido; chorei porque o amor em que eu acreditava naquela época me provou ser insuperável, vitorioso e senhor de meu coração; porque minhas esperanças não foram vãs; porque meus sonhos ao lado de um homem maravilhoso, o mesmo destinatário daquela carta, têm, todos eles, se cumprido por ele, para ele, para nós.

Guardo cada uma das cartas, cartões, marca-páginas e recadinhos que nos trocamos desde que nos conhecemos. Li alguns hoje, enquanto organizava-os em uma nova e mais ampla caixa. Toda nossa história de amor está ali, cada desafio superado, cada pedido de perdão, cada confissão de amor eterno, cada desejo, cada pedido. E não sei por quanto tempo essa nova caixa dará conta de todas essas palavras e promessas porque nossa história não acabou, continua sendo escrita e compartilhada, continua tendo sonhos, esperanças, declarações de amor. Nem todas registradas em cartas, mas todas sentidas, expressadas por nossos olhares, nossos toques, nossas descobertas e cumplicidades.

Não há caixa que comporte tanto amor, tanta certeza de estar ao lado da pessoa certa, do amor certo, para a vida toda.


2 comentários:

Camila disse...

É, o amor, a casa, a aliança feita sobre a Rocha duram mesmo para sempre, pouco importando a quantidade de tempestades que batam contra ela.
Deus abençoe ainda mais essa união!
Beijos!

Carol Matos disse...

Ai ai... estou emocionada, até te imaginei sentada no chão, de pijama escutando Lenine e lendo essas cartas. Obrigada por compartilhar essa história tão linda conosco. Parabéns pelo amor de vocês. Saudades! Besos MAESTRA.