terça-feira, 11 de setembro de 2012

As corujas

Eu aqui, às 23h24, acordada organizando planos de aula e execução de projetos e me achando o máximo da competência por isso. Internet a mil, entro no Facebook e me deparo com várias professoras e professores on line. Todos, pelo que eu saiba, levantam cedinho para ou trabalharem ou organizarem suas rotinas que envolvem filhos, casas, alimentação, roupas lavadas, pagamentos dentro de prazos, médicos... em fim uma porção de compromissos. Mas, lendo seus posts, me deparo com fotos de atividades em sala de aula, partilha de conquistas acadêmicas, links para aulas, filmes, músicas, constatação de terem conseguido terminar TCCs, artigos, pós-graduações, cursos, projetos bem sucedidos.
As redes sociais, para muitos, suga o tempo que poderiam dedicar a questões realmente importantes, para mim auxilia a manter contato com esse universo das corujas (não é a toa que é o símbolo do magistério) que pernoitam trabalhando com entusiasmo, apesar do cansaço e do outro dia. Somos um povo único, capaz de esquecer um pouco, mesmo que por algumas horas,  que existe vida em outros recantos além de nossa mente que planeja, visualiza, se expande, se concreta e viaja na busca por mais educação, mais estímulos, mais utopia. E que digam que somos um bando de loucas desvairadas, acreditando no inimaginável, sonhando com o impossível, com a inconcebível realização, continuamos acordadas.
Nós, profissionais, sim, claro, como não, trabalhamos não só com a mente, com os braços e os livros, usamos o coração embriagado pelo prazer de abrir muitas janelas àqueles a nós confiados, sejam crianças, jovens ou adultos. Todos eles, em maior ou menor grau, veem em nós, mesmo que a mídia ou a sociedade grite que não, alguém a quem, no mínimo, observar, medianamente admirar e no máximo seguir.
Por isso, somos especiais, porque enquanto nos perguntam o que deu na cabeça para sermos professores, acendemos nossas velas à noite, nos laptops e pcs, escondidinhas muitas vezes para o resto da casa dormir e continuamos sorrindo para dentro de nós mesmas, sabendo de um segredo só nosso, um segredo que nos garante sorrisos e cumplicidades: que educar transforma e que essa transformação pode, sim, salvar o mundo, mesmo que um pequeno mundo, mundo de um indivíduo só.
E na calada da noite, seguimos sorrindo com a certeza de que somos um bando, todas acreditando.

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