sábado, 26 de março de 2011

Promessa

Dia desses, numa aula de português, comentei com meus alunos que escreveria um texto sobre eles no meu blog. Bom, estou aqui para isso. Trata-se de minha turma do segundo ano do ensino médio. E o assunto surgiu depois que comentei sobre uma música que eles me haviam sugerido.
No início do ano, passei uma lista em todas as turmas para que pudessem sugerir músicas, filmes e livros para estarmos explorando em nossas aulas. Além de me mostrar um pouquinho do que eles gostam, também me ajuda a conhecê-los melhor.
Semana passada, sentei ao computador para buscar vídeos das músicas sugeridas e me deparei com letras bastante questionadoras, que buscam respostas para os conflitos da sociedade, que apontam a mudança para um mundo melhor, letras que me fizeram admirar ainda mais meus alunos.
E, na aula, quando entreguei a letra da música a eles, vi suas reações animadas. Algumas meninas me perguntaram se eu também gostava da banda que cantava aquela música. Não, meus amores, a profe não gostava, porque não conhecia. Foram vocês que me mostraram algo novo, novo e muito, muito bom.
Conversamos a respeito da letra. Ouvimos a música (sim, eu baixei o vídeo do youtube). E me senti mais próxima de meu queridos.
Por isso, cada vez mais fico pensando nas pessoas que dizem, que afirmam com "tanta propriedade", que adolescente não pensa, que age por impulso, que não sabe o que é certo. O que meus alunos e alunas do ensino médio, não só do segundo ano, mas do primeiro e do terceiro, têm me mostrado é que pensam sim, e muito. Eles discutem a sociedade, questionam suas ações, sabem muito bem como salvar o mundo, como buscar soluções, como buscar ser feliz. Admito que, às vezes, agem por impulso, mas isso faz parte da construção de suas histórias e agir por impulso não é privilégio de adolescente, tem muito "senhor" que faz o mesmo.
O que posso, então, como educadora, fazer por eles, já que sabem tanto? Posso mostrar-lhes como passar pela vida sem que o sofrimento marque tanto, posso ensinar-lhes o que devem saber para terem melhores posições no mercado de trabalho, posso adverti-los de que o mundo pode ser muito cruel, mas se estamos preparados, com as ferramentas certas, podemos vencer. Posso ensiná-los a gramática que ajuda no concurso, que faz conseguir muitos pontos no ENEM. Posso ajudá-los a se expressarem melhor, a colocar suas ideias de forma a convencer. Posso mostrar-lhes que há muitos mundos por aí, através da literatura. Mas isso tudo faz parte de minha profissão, de quem sou para eles, a profe. O que eles têm me ensinado faz parte da vida deles e isso não tem preço.

2 comentários:

Anônimo disse...

ótimo o texto.
Só fiquei querendo saber quem foram os cantores, as bandas...

abraços,

Levi Nauter

Ane Patrícia de Mira disse...

No próximo post prometo falar sobre isso.

Abraços.